domingo, 23 de junho de 2013

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No país, 18% dos alunos estudam em escolas situadas em áreas de risco

  • Pesquisa do IBGE com estudantes do 9º ano do ensino fundamental revela que 12% deles deixaram de ir à aula por medo da violência
  • Em 2012, 1 em cada 5 adolescentes admitiu ter praticado bullying contra o colega
  • Dos entrevistados, 10,6% declararam ter sofrido agressão física por um adulto da família
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RIO - A violência está dentro de casa, no trajeto de ida e volta às aulas, no ambiente escolar. É o que relatam estudantes brasileiros do último ano do ensino fundamental que participaram de uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizada em 2012 e divulgada nesta quarta-feira, 19. Eles são adolescentes, em sua maioria (86%) estão na faixa de 13 a 15 anos, mas muitos já vivenciaram os transtornos causados pela insegurança. Para fugir dela, por exemplo, ao longo do ano passado, 12,1% dos alunos deixaram de frequentar aula, receosos dos riscos existentes no caminho entre a casa e a escola e até mesmo dentro da própria instituição de ensino.
- A pesquisa é um retrato bastante fidedigno do nosso jovem de 13 a 15 anos. Traz fatores de risco de proteção desse adolescente. Se levarmos em conta que esses riscos são cumulativos ao longo da vida, como o tabagismo e o sedentarismo, isso traz um impacto muito grande para a saúde - observou o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, na cerimônia de lançamento da publicação, nesta quarta-feira, 19.


O levantamento mostra que, pelo menos em relação à insegurança, a rotina pode ser bem pior para os alunos de escola pública. A proporção dos que deixaram de ir à aula no ano passado por temerem episódios violentos no percurso ou dentro da escola foi, respectivamente, de 9,5% e 9,1%, praticamente o dobro da registrada entres alunos de instituições particulares (5% e 4,4%).
Realizada, pela primeira vez, em 2009, a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) 2012, feita em parceria com o Ministério da Saúde e com apoio do Ministério da Educação, traz dados de 109 mil estudantes de 2.842 escolas de todo o país relacionados a fatores de risco e proteção à saúde dos adolescentes brasileiros. Nesta segunda edição, o levantamento traz também informações para o conjunto do país e para as cinco grandes regiões - anteriormente, limitavam-se às capitais e ao Distrito Federal. A amostra incluiu escolas com mais de 15 alunos matriculados, em turmas regulares.
Para identificar a situação dos escolares, o IBGE usou um método pouco usual: um questionário eletrônico respondido, em um smartphone, pelos próprios entrevistados, sem interferência dos pesquisadores do instituto.
- É uma pesquisa bastante inovadora no Brasil e no IBGE por conta deo seu método, pois é respondida diretamente pelo estudante. Isso dá mais privacidade para o estudante e maio qualidade para o dado - diz o gerente de Estatísticas de Saúde do IBGE, Marco Antônio de Andreazzi, explicando que a escolha dos alunos do 9º ano do ensino fundamental se deu por causa do preparo e da assiduidade dos estudantes. - Nesta faixa, eles já estão mais capacitados cognitivamente para entender as perguntas e tem uma frequência maior na escola do que a registrada no ensino médio.
Assim como os adolescentes, os diretores ou responsáveis pelas escolas foram ouvidos em relação ao mesmo problema. A PeNSE quis saber se a unidade de ensino avaliada estava ou não situada em área considerada de risco de violência, a maior parte do tempo ou todo o período, nos últimos 12 meses, e, diante das respostas, foi possível concluir que 17,9% dos alunos estudavam em instituições dentro deste perfil.
Mais uma vez, o quadro é bem pior para quem estuda na rede pública: 20,4% ante os 5,5% registrados na rede particular. O dado pode ser ainda maior quando a análise recai sobre as capitais. Em Belo Horizonte, praticamente metade dos adolescentes (46,2%) estudavam em unidades construídas em áreas de risco de violência. No Rio, a proporção foi de 11%.
A pesquisa mostra ainda um ligeiro aumento de quem se sentiu vítima de bullying no país, entre 2009 e 2012. A análise dos dados das capitais do país mostra que subiu de 5,4,% para 6,9% a proporção dos que afirmaram que sempre ou quase sempre se sentiram humilhados por provocações de colegas da escola, nos 30 dias anteriores à entrevista. No dado nacional, o número chega a 7,1%. Já o grupo que admitiu ter zombado ou humilhado algum de seus colegas da escola é bem maior: 20,8%. O dado do Rio superou o indicador nacional e chegou a 22,1%. Vitória, com 27,5%, apresentou situação mais complicada.
Preocupante também são os relatos de envolvimento com armas. Na pesquisa, 6,4% dos estudantes relataram participação em brigas na qual alguma pessoa usou arma de fogo. A proporção subiu para 7,3% quando o instrumento usado foi arma branca. Em ambas as situações, a proporção foi bem maior entre os meninos.
A PeNSE mostrou que, se fora de casa os riscos podem ser grandes, o ambiente familiar nem sempre é garantia de acolhida. Que o digam os 10,6% de estudantes que declararam ter sofrido agressão física por parte de um adulto da família, nos 30 dias que precederam a pesquisa. Considerando as regiões do país, a maior proporção foi registrada no Sudeste (12%) - no Rio, foi de 11%. No entanto, há capitais de outros regiões com indicadores mais elevados, como Boa Vista (13,9%), Salvador (13,5%) e Recife (13,3%). Há também diferenças por sexo: a proporção de meninas que relataram esste tipo de violência foi maior, 11,5%, do que a registrada entre os meninos (9,6%). A comparação das capitais entre 2009 e 2012 mostra que a proporção aumentou durante este intervalo de tempo: subiu de 9,5% para 11,6%.
A segunda edição da PeNSE, que reúne informações sobre contexto familiar, hábitos alimentares e prática de atividade física, entre outros, trouxe novos temas, como trabalho, saúde mental e prevalência de asma.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/educacao/no-pais-18-dos-alunos-estudam-em-escolas-situadas-em-areas-de-risco-8737708#ixzz2X5GrFkvD
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sexta-feira, 21 de junho de 2013

Professor do ensino médio terá bolsa para melhorar desempenho

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Professores do ensino médio da rede pública receberão uma bolsa do Ministério da Educação para participar de curso de aprimoramento.

A medida faz parte de uma série de ações em estudo pela pasta, em parceria com o Consed (conselho de secretários estaduais de educação), para melhorar a qualidade dessa etapa da educação.

O objetivo é corrigir eventuais deficiências da graduação do docente, com foco nos métodos usados em sala de aula e no novo currículo escolar, multidisciplinar, a exemplo da prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

A bolsa pode ter início ainda no segundo semestre, mas ainda não há orçamento definido. A medida segue projeto já adotado pelo MEC para os professores alfabetizadores.

Esses docentes vêm recebendo desde 2012 auxílio de R$ 200 para participar de curso de formação de dois anos.

"Vamos trabalhar em princípio com todas as matérias, mas nosso maior desafio hoje é matemática, física e química. É onde não temos professores formados nessas áreas e onde estão as maiores deficiências", afirmou o ministro Aloizio Mercadante.

LARGA ESCALA

Priscila Cruz, diretora-executiva da ONG Todos pela Educação, elogia a iniciativa, mas pondera que o universo de professores pode, na prática, dificultar bons resultados.

Pelos dados oficiais, o país tinha no ano passado 418.665 docentes do ensino médio na rede pública (um pode aparecer mais de uma vez caso atue em mais de um Estado).

"É uma formação em larguíssima escala, no Brasil inteiro, e o desafio está mais na implementação do que na concepção. Quem é que vai ser o formador desse professor? Temos profissionais suficientes com conhecimento específico, por exemplo, sobre didática [para aulas] de matemática?"

As ações para a reformulação do ensino médio devem ser apresentadas pelo MEC na próxima semana.

Na visão do Consed, o curso de aprimoramento deve respeitar as diferenças regionais dos professores.

"Dificilmente será possível estabelecer um curso de formação único. Os conteúdos deverão ser diversificados para cada tipo de professor", diz Eduardo Deschamps, secretário de Educação de SC.

Para o conselho, existe uma "necessidade urgente" de rever o conteúdo da graduação desses professores, apontado como muito teórico e "dissociado do cotidiano da escola".

terça-feira, 11 de junho de 2013

Professores de Juazeiro do Norte terão salários reduzidos em até 40%

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Professores de Juazeiro do Norte terão salários reduzidos em até 40%


Aliny Gama
Do UOL, em Maceió
       
  • Normando Sóracles/Agência Miséria
    Professora chora diante da aprovação da redução do salário dos professores em Juazeiro do Norte, no Ceará. O corte pode chegar a até 40% Professora chora diante da aprovação da redução do salário dos professores em Juazeiro do Norte, no Ceará. O corte pode chegar a até 40%
Os professores da rede municipal de Juazeiro do Norte (a 548 km de Fortaleza), no Ceará, terão seus salários reduzidos em até 40%, aumento na carga horária, além de outras mudanças regidas no PCCR (Plano de Cargos, Carreira e Remuneração), aprovado pela Câmara de Vereadores, apesar dos protestos na última quinta-feira (6).
A aprovação causou desespero e revolta nos professores que recebem o piso nacional de docentes estabelecido pelo MEC, no valor de R$ 1.567, além de gratificações, que totalizam o valor de R$ 2.193.
De acordo com o SSM (Sindicato dos Servidores Municipais), 2.000 professores devem ter os salários reduzidos em até R$ 650.
Devido à aprovação da reformulação do PCCR, o sindicato disse que todos os professores estão em greve por tempo indeterminado. De acordo com a presidente do sindicato, Mazé dos Santos, a greve não foi deflagrada ainda devido aos trâmites legais.
"Vamos respeitar o prazo de 72 horas para entrar em greve. O que não podemos é ficarmos calados. Vamos continuar os protestos", disse Santos em entrevista ao UOL.

Ao final da votação dos vereadores, que foi de 12 votos a favor e quatro votos contra, os professores pegaram ovos para jogar nos políticos. Durante o tumulto, a PM (Polícia Militar) e guardas municipais usaram spray de pimenta para dispersar os manifestantes.
Os vereadores a favor dos professores e que votaram contra o projeto foram Cláudio Luz (PT), Glédson Bezerra (PTB), Rita Monteiro (PT do B) e Tarso Magno (PR). Eles informaram que vão debater a possibilidade de pedir anulação da sessão extraordinária.
A sessão foi tumultuada e até os vereadores discutiram com a mesa diretora. Luz discutiu com o presidente da Câmara de Vereadores, Antônio de Lunga (PSC).
Durante a votação os professores chegaram a mostrar pacotes de dinheiro e jogar no plenário notas para que os vereadores pegassem "porque eles são comprados", diziam em coro.
A sessão esquentou depois que três professores conseguiram invadir o plenário e foram retirados pela polícia. Os manifestantes gritavam palavras para agredir os vereadores, chamando-os de "ladrões", "bandidos", "quadrilha" e "vendidos".
A prefeitura de Juazeiro do Norte disse que o corte no salário dos professores foi necessário para se enquadrar na LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) e reforçou que os valores pagos aos professores não fechava a folha de pagamento. O projeto foi enviado pelo prefeito Raimundo Macedo (PMDB).

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Educação para o trabalho

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CORREIO BRAZILIENSE
Segunda-feira, 03 de junho de 2013

Educação para o trabalho
José Pastore
                                                                                                                                               
Participei em dia 29 de maio de um rico seminário realizado em Brasília que buscou encaminhar soluções para tornar o ensino profissional mais efetivo para os jovens, empresas e sociedade em geral. O evento foi patrocinado pela CNI/SENAI e pela Consultoria McKinsey que apresentou um amplo diagnóstico do quadro atual e sugestões de mudanças.
                                                               
No campo do ensino profissional há um sério desencontro: professores e alunos acham que ensinam e aprendem bem enquanto que empresários se queixam da má qualificação dos jovens. Esse desencontro não surpreendeu, pois são inúmeros os casos em que as vagas não são preenchidas por falta de capacitação assim como muitos jovens lamentam não encontrar trabalho apesar de se sentirem acima da média em termos de formação escolar. Nesse ponto, me perguntaram: de onde vem esse desencontro? O que as empresas esperam dos candidatos? Alinhei algumas respostas que compartilho com os leitores.
                                                                 
O mercado de trabalho está muito exigente. A empresa moderna busca quem seja capaz de dar respostas e não apenas quem ostenta este ou aquele diploma. Nos processos de recrutamento conta muito mais a capacidade de pensar do que uma avalanche de informações. Além disso, observa-se ter acabado a dicotomia entre especialistas e generalistas porque a empresa moderna espera que o candidato tenha experiência e bom domínio da sua profissão, e que saiba usar o bom senso, que tenha lógica de raciocínio, que seja capaz de escrever claramente e entender o que ouve e lê, que sabe trabalhar em grupo, que domina a linguagem da informática, etc.
                                                           
Parte desses atributos se aprende na escola profissional ou nas universidades, mas, outra parte se aprende na escola fundamental e média. Esse é o caso da aprendizagem da linguagem, matemática e ciências que ajudam na formação do bom senso e da lógica de raciocínio. Além de tudo isso, as empresas modernas esperam que o candidato goste de fazer o que faz, tenha zelo no uso das máquinas e equipamentos e saiba respeitar os colegas e os superiores. A cada dia que passa, aumenta a importância dos fatores atitudinais para a conquista e a preservação do emprego assim como para a ascensão na carreira. As empresas gostam quando os profissionais entendem que, nos dias de hoje, o seu emprego depende mais dos consumidores do que dos gestores e dos proprietários da firma em que trabalham. Sim porque, para ma nter o emprego, é essencial atender o que os consumidores desejam em matéria de qualidade, preço, pontualidade atendimento na pós-venda. Tudo isso requer competência profissional e condutas adequadas assim como demanda empenho, persistência e paciência.
                                                             
Para esse novo mundo do trabalho, já não basta ser adestrado. É preciso ser educado, e bem educado, porque no adestramento a pessoa aprende a fazer uma tarefa que é executada pelo resto da vida. As novas tecnologias, entretanto, estão entrando na produção a uma velocidade irreconhecível o que exige uma grande capacidade de apreender continuamente, o que só pode ser garantido pela educação que transmite ao profissional os atributos acima indicados.
                                                           
Ou seja, vivemos um tempo em que a história corre muito depressa. Toda vez que isso acontece, abrem-se inúmeras situações para os seres humanos se aproveitarem das novas oportunidades. Ao mesmo tempo, criam-se enormes desafios para as escolas que seguem o ritmo cadenciado que é próprio do ato de ensinar e aprender.
                                                                       
Esses desafios vêm se apresentando em todas as partes do mundo, o que dirá em um país como o Brasil que ainda carrega deficiências profundas em todo espectro educacional. Li uma constatação espantosa no valioso trabalho “Anuário brasileiro da educação básica 2013” segundo a qual “apenas um quarto da população brasileira é considerada plenamente alfabetizada” (p. 71). Uma calamidade!
                                                                   
A nossa caminhada é longa e terá de ser vencida com foco, objetividade e estímulos adequados para alunos, professores e gestores da educação. No campo do ensino profissional, quanto maior for o entrosamento entre as empresas e as escolas, maior será a probabilidade de se motivar os estudantes, ter foco e objetividade e valorizar os mestres e os diretores de escolas na direção correta. Essa foi uma das principais conclusões do referido Seminário.
                                                             
José Pastore é professor de relações do trabalho da Universidade de São Paulo e membro da Academia Paulista de Letras.                                    

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Levantamento do UOL faz mapa de contratação temporária de docentes

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Levantamento do UOL faz mapa de contratação temporária de docentes


Do UOL*, em São Paulo
    

Em sete Estados brasileiros, o número de contratos temporários de professores da rede estadual ultrapassa a quantidade de contratos efetivos (concursados ou estáveis).
Segundo especialistas ouvidos pelo UOL, o alto índice de professores temporários (com menos diretos que os profissionais efetivos) prejudica o trabalho pedagógico desenvolvido nas escolas e o desempenho dos alunos.
Todas as 27 secretarias estaduais de Educação foram questionadas a respeitos dos números. Destas, apenas sete retornaram. Elas justificam que os números do levantamento do UOL têm como base o Censo Escolar de 2012, que estaria defasado. No entanto, esses são os dados nacionais mais recentes e foram divulgados em 2013.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Menos de 1% das escolas brasileiras têm infraestrutura ideal

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Menos de 1% das escolas brasileiras têm infraestrutura ideal
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Do UOL, em São Paulo*
Apenas 0,6% das escolas brasileiras têm infraestrutura próxima da ideal para o ensino, isto é, têm biblioteca, laboratório de informática, quadra esportiva, laboratório de ciências e dependências adequadas para atender a estudantes com necessidades básicas. O nível infraestrutura avançada inclui os itens considerados mínimos pelo CAQi (Custo Aluno Qualidade Inicial), índice elaborado pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação.
Já 44% das instituições de educação básica contam apenas com água encanada, sanitário, energia elétrica, esgoto e cozinha em sua infraestrutura.
Esse é o resultado de um estudo feito pelos pesquisadores Joaquim José Soares Neto, Girlene Ribeiro de Jesus e Camila Akemi Karino, da UnB (Universidade de Brasília), e Dalton Francisco de Andrade, da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), intitulado "Uma escala para medir a infraestrutura escolar".
A pesquisa incluiu dados do Censo Escolar de 2011 de 194.932  escolas.
Girlene afirma que ela e os pesquisadores esperavam que os resultados demonstrassem a precariedade de muitas das escolas brasileiras, mas pontua que o percentual de elementares (44%) e de avançadas (0,6%) foi um "choque".
"Sabíamos que encontraríamos diferenças e que a zona rural, por exemplo, apresentaria infraestrutura mais deficitária. Mas não achávamos que seria tanto. O mesmo vale para as diferenças regionais, como é o caso do Norte e do Nordeste, e para as redes municipais, onde se concentram as escolas com as piores condições", afirma.
"A criança, quando chega à escola, tem que ter equipamentos, conforto do ambiente para se concentrar, se dedicar aos estudos e ao aprendizado. O professor precisa de equipamento para desenvolver o trabalho dele, assim como a escola", explica Joaquim José Soares Neto. "O Brasil está passando por um momento em que é consenso que se deve investir em educação. A pesquisa traz uma perspectiva de como orientar esse investimento para resolver um problema que não é simples".

Dados

Para definir uma escala para a situação da infraestrutura, os pesquisadores selecionaram 24 itens de infraestrutura escolar para checar se há sua disponibilidade – ou não – nos colégios públicos brasileiros.

Veja também

  • Marcelo Justo/Folhapress Em 72,5% das escolas brasileiras não há biblioteca
  • Brasil ainda tem mais de 13 mil escolas sem luz
A partir da presença ou não desses itens, as escolas foram distribuídas em quatro categorias. No nível elementar ficam escolas que têm apenas o mínimo para o funcionamento do prédio.
  • Infraestrutura elementar: Estão neste nível escolas que possuem somente aspectos de infraestrutura elementares para o funcionamento de uma escola, tais como água, sanitário, energia, esgoto e cozinha
  • Infraestrutura básica: Além dos itens presentes no nível anterior, neste nível as escolas já possuem uma infraestrutura básica, típica de unidades escolares. Em geral, elas possuem: sala de diretoria e equipamentos como TV, DVD, computadores e impressora
  • Infraestrutura adequada: Além dos itens presentes nos níveis anteriores, as escolas deste nível, em geral, possuem uma infraestrutura mais completa, o que permite um ambiente mais propício para o ensino e aprendizagem. Essas escolas possuem, por exemplo, espaços como sala de professores, biblioteca, laboratório de informática e sanitário para educação infantil. Há também espaços que permitem o convício social e o desenvolvimento motor, tais como quadra esportiva e parque infantil. Além disso, são escolas que possuem equipamentos complementares como copiadora e acesso a internet
  • Infraestrutura avançada: As escolas neste nível, além dos itens presentes nos níveis anteriores, possuem uma infraestrutura escolar mais robusta e mais próxima do ideal, com a presença de laboratório de ciências e dependências adequadas para atender estudantes com necessidades especiais

Desigualdades regionais

Os dados do estudo revelam que as grandes diferenças entre as regiões do país aparecem também na infraestrutura das escolas. Das 24.079 unidades de ensino da Região Norte, 71% podem ser consideradas no nível elementar, o mais precário. No caso do Nordeste, esse índice ainda se mantém alto, mas cai para 65%. No Sudeste, Sul e Centro-Oeste, o maior percentual de escolas localiza-se no nível básico. Em todas as regiões a taxa de colégios públicos classificados como de infraestrutura avançada não excede os 2%.
Quando observados os dados por redes, as desigualdades também são grandes. Entre as escolas federais, 62,5% podem ser consideradas adequadas e avançadas. No caso das estaduais, 51,3% das unidades são básicas em relação à infraestrutura e, considerando as municipais, 61,8% das escolas são classificadas como elementares.
Outro dado destacado pelos pesquisadores é a diferença entre as escolas urbanas e rurais. "Enquanto 18,3% das escolas urbanas têm infraestrutura elementar, o oposto ocorre em relação às escolas rurais: 85,2% encontram-se nesta categoria", diz o estudo.
 

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