quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A educação no Brasil melhorou. Mas para quem?

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A educação no Brasil melhorou. Mas para quem?





Encontro de especialistas em São Paulo discute se houve melhor na educação brasileira


por Luciana Galastri

Editora Globo
Eduardo Deschamps e Paula Louzano em mesa mediada pelo professor da Universidade de Stanford Paulo Blikstein // Crédito: Alexandre Rezende / Divulgação

 Nesta quarta-feira, 14, especialistas em educação se reuniram no 2º Seminário Internacional do Centro Lemann de Stanford. O evento, que trouxe profissionais da Universidade de Stanford, assim como especialistas brasileiros, tinha como objetivo a análise da situação das escolas brasileiras, assim como a da preparação dos professores.
De acordo com Paula Louzano, professora da Faculdade de Educação da USP, o Brasil enriqueceu, mas a educação não acompanha o bom momento na economia do país: apesar dos índices terem apresentado uma leve melhora, ela está longe do progresso ideal. O Secretário de Educação de Santa Catarina, Eduardo Deschamps, apresentou dados que mostram que os níveis de educação e alfabetização em nível nacional aumentaram - enquanto em 1995, 15,8% dos brasileiros com mais de 15 anos eram analfabetos, hoje, o número está em 8,8%.
Mas Deschamps atribui essa melhora ao aumento de poder aquisitivo da população e não a uma melhora na educação pública. "Menos de 30% dos egressos do Ensino Médio vão para a universidade. E 1,6 milhão de jovens de 15 a 17 anos estão fora da escola. Ainda são números muito negativos", afirma.
Não só o acesso, mas a qualidade da educação oferecida também foi apontada como um problema por Deschamps: "Hoje os alunos da escola pública têm um período de três horas de aula por dia, se levados em conta intervalos e faltas. Outro aspecto cultural da educação brasileira que deveria ser abolido é o Ensino Médio noturno. Isso é uma aberração. Mas precisa existir porque a sociedade tem a ideia de que o jovem precisa começar a ajudar a família financeiramente desde muito cedo. Mas e o aproveitamento escolar?".
A solução? Louzano defende a criação de padrões para a avaliação do ensino público: um currículo básico e a avaliação de professores. "Quando falamos de padrões há quem fique com um pé atrás. A ideia não é determinar os métodos ou acabar com a diversidade cultural no ensino do Brasil, mas traçar metas e objetivos a serem alcançados ao fim de um período. Esses seriam os padrões". A professora cita, como exemplos, a avaliação de professores usada no Chile. "Precisamos nos reunir e decidir que padrões serão avaliados, quais são os objetivos. No Chile a avaliação dos professores demorou seis anos para ser formatada".
A melhora nestes níveis também passa pelo aumento na verba da educação. De acordo com Deschamps, hoje, no dinheiro gasto em educação pública, a União tem uma participação de apenas 20% - o resto vem de cofres estaduais e municipais. Além disso, uma noção mais exata do que seria o investimento da educação precisa ser popularizada. Segundo o secretário, a mídia trata a melhoria na educação apenas como 'um aumento no salário dos professores e melhora na infra-estrutura das escolas' quando, apesar desses itens serem importantes, há mais investimentos a serem considerados. "Muitos professores não usam nem a tecnologia mais básica da sala de aula, que é o quadro negro", exemplifica, para ilustrar que há casos de falta de preparo em profissionais da educação pública.
Estes investimentos não mostrariam resultados imediatos e sim a longo prazo. "Mas se me perguntassem se eu estaria disposta a começar um projeto para a melhoria da educação que desse resultado só daqui a 10 anos a resposta é que, sim, eu etaria disposta", conclui Paula Louzano.
 

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